Transporte público desaconselhável

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O Conselho de Trânsito e Transporte de Brumadinho (COMUTRAN) praticamente não tem validade alguma. Foi o que ficou evidente na reunião do COMUTRAN no dia 21 de fevereiro. O conselho não possui um representante da sociedade civil organizada, que seria um membro da Associação dos Usuários do Transporte Coletivo de Brumadinho, o que é previsto não só em seu estatuto, mas também na Lei 1342/2003 que estabelece o Sistema Municipal de Transporte, Trânsito e Circulação e discorre sobre o COMUTRAN no artigo 28.

Além do mais, não existe paridade no conselho entre representantes do Executivo e da Sociedade Civil Organizada, uma verdadeira anomalia na Lei. Fato é que da mesma forma que a deliberação de aumento das passagens do transporte público municipal (realizada na reunião do dia 19 de dezembro de 2013) foi invalidada pela Procuradoria Geral do Município em razão da falta de representatividade por parte da sociedade civil organizada, também todas as outras ações discutidas e votadas pelo COMUTRAN também podem ser invalidadas, ou pelo menos questionadas sobre sua “legalidade”.

A vereadora Alessandra Oliveira esteve na reunião do dia 21 e questionou esses problemas de representatividade no conselho. Posteriormente, Alessandra protocolou na Câmara de Brumadinho o Projeto de Lei 28/2014 alterando a Lei e procurando dar paridade ao conselho (o Projeto de Lei pode ser analisado no blog da vereadora: www.alessandradobrumado.wordpress.com).

Que o usuário vá a pé…

No artigo anterior publicado neste espaço fiz algumas colocações sobre os problemas enfrentados pelos usuários do transporte público municipal. Principalmente sobre os problemas com os itinerários (veja a edição 14 do Brumadinho em Foco).

Estes problemas já haviam sido levantados e questionados por Alessandra através do Ofício 08/2014 (de 22 de janeiro). A Turilessa finalmente respondeu esses questionamentos (não os meus, mas os da vereadora) através de ofício no dia 17 de fevereiro. Segundo a Turilessa “não há a possibilidade de atendimento (dos pedidos de melhora na prestação de serviços), pois beneficiaria somente alguns usuários em detrimento da grande maioria porque aumentaria o tempo de percurso”. Parece que o “usuário” morador do centro de Brumadinho é “mais usuário” do que o de Conceição de Itaguá, ou do Bairro José de Sales Barbosa, ou da Vila São Sebastião. Brumadinho cresce, novos bairros surgem, mas a empresa entende que o itinerário do transporte público não pode ser alterado em benefício de todos os usuários.

Não é atoa que o jornal Edição do Brasil, em sua edição de 15 a 22 de fevereiro de 2014, publicou na seção “vigílias”, uma nota intitulada “E agora Rubens?”. A pequena nota discorria: “dados do DER divulgados recentemente pela TV Globo garantem que as reclamações contra as empresas de ônibus da região metropolitana da capital aumentaram 150% nos últimos tempos. Sabem quem é o presidente do sindicato dos empresários do setor? O Sr. Rubens Lessa, poderoso proprietário da Saritur, cujos ônibus também circulam em muitos dos municípios criticados pela população. Durma com um barulho desses…”.

Mesmo com todo este “barulho” muitos continuam “dormindo”. Já passou da hora de acordarmos para a necessidade de revermos o transporte público em nosso município.

Quem lê poesia?

Imagino que todos que gostam de poesia tenham uma relação muito pessoal com a palavra. O som das sílabas, as formas das letras, as junções de fonemas e os diversos significados que cada palavra pode ter são um infinito particular de possibilidades nas mãos de um poeta. Com todo este “material” (como diriam os concretistas) o poeta pode alçar voos distintos, ousar, buscar novas formas de significado e significância.

Não entendo como alguns veem a poesia como uma forma menor de literatura. No Brasil não se lê muito poesia, mas esta realidade está mudando. De acordo com o instituto Proler no relatório “Retratos da Leitura no Brasil” (dados de 2008), a poesia é o quinto gênero na preferência dos leitores (28%). Deste montante, as mulheres são as que gostam mais do gênero (32%). Pode parecer pouco, mas não é. Um dado é ainda mais animador: jovens entre 11 e 17 anos tem a poesia como gênero preferido. O gosto pela poesia tem começado cedo se tornado uma atividade dos jovens.

Tenho minha própria teoria quanto à falta de interesse de alguns pela poesia: as pessoas não gostam desse gênero porque não tiveram cuidado e paciência para ler (ou talvez por não serem sensíveis ao texto poético). Como não gostar dos sonetos de Vinicius de Moraes, dos poemas esotéricos de Fernando Pessoa, da suavidade de Garcia Lorca, da densidade de Cummings ou dos poemas-reportagem de Fabrício Marques? Poderia eu citar muitos outros, mas a intenção não é essa.

Certamente um fato tem contribuído para o aumento do interesse pela poesia, o aumento no número de eventos como saraus, tertúlias, poemações, poemashows, encontros e noitadas em bares e em clubes. Espaços que animam as leituras e performances de poesia como o Verão Poesia, o Belô Poético, as Terças Poéticas no Palácio das Artes e os encontros com a poesia na Praça 7, todos em Belo Horizonte, são exemplos de como têm crescido os espaços voltados para a leitura e apresentação de poemas.

A poesia talvez seja uma forma de ver o mundo, quem lê poemas consegue ver por vários ângulos diferentes.

“Os homens querem casar e as mulheres querem sexo” lota Teatro da Quadra, mas não surpreende

A peça “Os homens querem casar e as mulheres querem sexo” foi apresentada no Teatro Municipal da Quadra de Esportes de Brumadinho no dia 10 de março. O monólogo encenado por Marcelo Ricco e dirigido por Carlos Nunes traça a história de Jonas: Um homem que sonha em encontrar a mulher de sua vida e se casar. Durante a peça o personagem fala das dificuldades de encontrar uma esposa e como as mulheres valorizam o sexo em detrimento de um relacionamento sério. O ator traça uma conversa com seu “lado feminino” que é sapatão (novidade?) e tenta orientá-lo a fim de que ele, finalmente, compreenda o universo feminino.

Embora tenha tido bons momentos, a peça se torna cansativa ao passo que a intervenção com o público (recurso já esgotado pelo teatro contemporâneo) se tornou longa demais e maçante. O ator se prolongou na conversa e na “tentativa” de aproximação de casais solteiros na plateia, o que deu uma “quebrada” desnecessária na peça que, a duras penas, tinha começado a prender a atenção dos espectadores. As piadas batidas e já conhecidas também deram um clima démodé ao espetáculo.

Outro aspecto negativo foi a acústica do teatro. Não se conseguia ouvir bem o que era dito, deixando prejudicadas as pessoas que estavam sentadas mais longe do palco. As caixas de som usadas durante a apresentação foram insuficientes e aparentavam estar em péssimas condições de uso.

Público impressiona

O que realmente impressionou foi o volume de pessoas que compareceram ao Teatro da Quadra de Esportes para assistir a peça “os homens querem casar e as mulheres querem sexo”. O teatro ficou lotado e cadeiras de plástico precisaram ser colocadas. Mesmo assim várias pessoas assistiram à peça de pé. Antes do espetáculo, a fila para entrar no teatro quase chegou à esquina da Avenida Inhotim. Isso significa que Brumadinho tem público para espetáculos teatrais, outras peças já foram encenadas também com boa presença de público. Falta agora uma revitalização do Teatro Municipal, que tem um excelente espaço, mas ainda deixa a desejar no que diz respeito a conforto e acústica.

Ficha Técnica

Texto: Carlos Simões (RJ)
Elenco: Marcelo Ricco
Direção: Carlos Nunes
Assistente de direção: Christiano Junqueira
Voz in off: Heloísa Duarte
Cenário: Heleno Polisseni e Yuri Simon
Iluminação: Yuri Simon
Figurinos: Marcelo Ricco
Fotografia: Ludmila Loureiro
Projeto gráfico: Marcio Miranda
Assessoria de imprensa: Jozane Faleiro
Produção Executiva: Carol Fonseca

Jornalismo político – partidário

Existe uma infinidade de meios de comunicação impressos em todo o mundo. Aqui me refiro apenas aos impressos, existe outra infinidade de outros meios de comunicação. É muito importante que saibamos ter uma leitura crítica do que é publicado em jornais e revistas. Muito do que está escrito ali pode não estar em conformidade com a realidade ou mesmo estar deturpando completamente a realidade dos fatos. Não estou sendo duro, isso ocorre com mais regularidade do que imaginamos principalmente em pequenos jornais de cidades do interior.

Em Brumadinho, onde moro e sou colaborador de um jornal, é comum vermos reportagens que desvirtuam a realidade dos fatos, ou que colocam, propositadamente, em cheque a idoneidade de algumas pessoas, principalmente os chamados “agentes políticos”.

Não estou em defesa de nenhum “agente político”, mesmo porque se um veículo de comunicação tem cunho estritamente político ele mesmo passa a ser um agente político com fins basicamente eleitoreiros. Uma triste realidade tendo em vista que os jornais de Brumadinho deveriam se ocupar de informar a população do que é relevante para suas vidas e dos problemas que o município enfrenta e como estes mesmos problemas podem ser minimizados. Acredito nesta função social do jornalismo.

De toda maneira, se jornais fazem apenas críticas políticas ou apenas fazem elogios (leia-se baba-ovo político) ele não está colaborando para uma melhora da informação que é publicada. Quer apenas convencer o cidadão de que determinados políticos são “bons” ou “ruins” e desta maneira orientar seu voto. Lembre-se que estamos em ano eleitoral.

Tendo isso em vista eu pretendo publicar neste blog, mensalmente, uma crítica geral de todos os jornais de Brumadinho. Meu objetivo e fazer uma reflexão sobre a qualidade de nosso jornalismo. Não pretendo e nem vou fazer críticas políticas, mas de como as reportagens foram escritas e se elas contemplam as principais características de um texto jornalístico de qualidade, como por exemplo, a impessoalidade, apuração dos fatos, o ouvir os dois lados, a objetividade e a veracidade da notícia. Espero com isso contribuir para a valorização do pensamento crítico de nossa comunidade.